Clubes de video
Lembro-me perfeitamente do dia em que aquele aparelhómetro que permitia ver filmes a partir de cassetes foi lá para casa. Era um Mitsubishi de 2 cabeças (não faço ideia para que serviam) e que acho que nem stéreo fazia mas, também fazia diferença, a televisão ITT era mono por isso… 🙂
Foi algures numa tarde de um sábado de novembro, em 1990 que o vendedor foi lá montar a coisa a casa e sintonizar. Levou algumas cassetes VHS virgens de oferta (também para demonstrar a excelente qualidade de gravação). Como não tinha nada de novo para ver passei esse fim de semana a gravar coisas para rever poucos minutos depois. Sim, agendar gravações era demasiado complexo para quem até então nunca tinha tido sequer um comando para mudar o canal da TV.
O meu pai também entrou na “onda” das gravações e pedia-me para gravar os documentários de natureza que davam duranta o dia para ele ver ao fim de semana. Era comprar cassetes às dezenas para gravar. Sim, ele não queria aquilo apagado! Isto até acabou por ser bom… quando o entusiasmo pela bicharada desapareceu as cassetes deram um jeitaço para uns anos mais tarde gravar o Templo dos Jogos e o Dragon Ball ^^

Modelo semelhante ao meu primeiro video
Voltando ao assunto, chegou a segunda feira. A primeira coisa que fiz quando saí da escola a caminho de casa foi passar no clube de vídeo e tornar-me sócio. Começa aqui a essência deste post, que sendo o primeiro que escrevo não diretamente relacionado com jogos, acaba também por estar algo envolvido.
Foi no final da década de 80 que os clubes de vídeo se tornaram populares e, até meados da década de 90, conseguiram manter este estatuto. Estes começaram a surguir tipo os cafés. Em cada terriola havia um. Na minha também era assim, quase que existiam mais cassetes VHS no clube do que o número de habitantes da aldeia. Para muitos, eu incluído, este era um local de culto. Era frequente estes espaços terem sempre muitos clientes a consultar os títulos disponíveis, a trocar impressões com o dono/empregado e outros sócios, ou mesmo a espreitar as novidades na tv que geralmente estava próximo do balcão.

João Broncas
Aqui tinha-mos acesso a filmes “porreiros”. Os que passavam na TV ou não eram grande coisa, ou então era a 12ª vez que repetia. Também era aqui que tinhamos os primeiros contactos com as novidades cinematográficas já que, a publicidade na TV era quase nula, o mesmo se passando com as revistas que se compravam na altura, vulgo TV Guia. Nesta altura não havia internet nem youtubes para ver os trailers dos filmes. Ou víamos no clube ou então era-mos brindados com uns bons 15 minutos de trailer no início das cassetes. Isto se a fita não tivesse maltratada e permitisse ver a coisa decentemente.
Durante este tempo áureo os clubes faziam bom sucesso, sempre “á pinha” com clientes, alguns até aguardavam no estaminé que o filme fosse devolvido para o alugar. Passou-se comigo algumas vezes pois no clube da terra geralmente só havia uma cópia de cada VHS para alugar e quando sabiamos quando ela seria devolvida, lá estávamos plantados no tasco para a alugar de seguida. Era também um ritual, todas as sextas feiras ao fim do dia ia ao clube de video alugar alguns filmes para ver durante o fim de semana. Pancadaria patrocionada pelo Bud Spencer e umas boas gargalhadas á conta do João Broncas foram as primeiras visualizações.
Foi também num clube de vídeo que tive dos primeiros contactos com a Sega, consolas e jogos. A Ecofilmes como distribuidora de filmes, encarregou-se de utilizar a rede existente de clubes para também comercializar os produtos Sega. Fez um excelente trabalho por cá não tendo rival à altura.

Placar habitual no exterior dos cluebs de video
Na minha opinião os melhores tempos foram mesmo aquelas das cassetes VHS. Com a massificação do acesso à Internet, televisão por cabo, “filmes de feira” e por aí fora, que o declínio se tem acentuado. Os clubes de vídeo já não conseguem dar resposta a toda esta concorrência e o seu fim será inevitável. Com muita pena minha pois é mais uma das coisas que sinto saudade…. entrar no clube, percorrer aquelas prateleiras com cassetes e alugar o filme (muitas vezes mais pela capa do que pelo filme em si).
Já me esquecia… também fazia parte do ritual o rebobinar da cassete para a posição inicial para evitar pagar multa ao entregar o filme 🙂
Intéh!
Posted on November 26, 2014, in Memórias and tagged clube de video, Ecofilmes, filmes, Sega, vhs. Bookmark the permalink. 1 Comment.
E eu … a julgar que tinha deixado aqui um comment na altura. Vai a ver não levou a aprovação do “moderador” …