Projecto: Arcade Street Fighter (Parte 6 – Preparação do PC)

arcade

Bem, já estava eu aqui todo empolgado para vos lançar no mundo dos frontends (Hyperspin), configuração dos botões e dos emuladores mas, após reler os últimos posts deste tutorial, reparei que faltava algo antes de avançar para estar parte… Pois, está claro… falta preparar o computador e ligar o bixo à televisão…

Vamos lá então começar pelo PC. Aqui temos uma infinidade de escolhas para fazer, consoante o tipo de uso e sistemas que querem meter na vossa máquina. Vou deixar-vos 3 tipos de configurações e os sistemas que conseguem correr nelas, para ficarem com uma ideia do hardware que precisam pois a “sucata” informática que têm algures no sotão poderá não ser suficiente.

Specs mínimas:

Processador Pentium III 500, 512MB RAM, disco 40GB, placa gráfica compatível Dirext 5.0

Com este hardware conseguem o feel oldschool 😉 Vão conseguir emular sistemas de cartuchada desde ATARI a SNES e Mega Drive. Conseguem também emular grande parte dos sistemas arcade com o MAME.
Em relação ao MAME conseguir emular conseguem, performance, upscalling e outras melhorias é para esquecer. Se o que pretendem é umas jogatanas de Pacman, Centipede, Arkanoid e por aí, é o suficiente. Se esperam passar umas horas de volta do Metal Slug, Sunset Raiders e jogos NEO GEO em geral, é melhor continuar a ler.

Specs “Menos más”:

Processador dual core, 2GB RAM, disco sata 3 250gb, placa gráfica 256mb Direct x 9.0

Com estas especificações a coisa já corre melhor. Já é possível emular quase todos os sistemas do MAME, como por exemplo os CAPCOM PlaySystem I/II/III e Sega Model 2, Sega Model 3 e alguns Taito. É também possível emular Sega Saturn, Sony Playstation, Nintendo 64, Atari Jaguar, 3DO e PCFX, resumindo até à 5ª geração de consolas.

Specs boas:

Processador quadcore, 4GB RAM, disco SATA 1TB + SSD 256GB, gráfica 1GB Direct x 10

Estas são ideais pois já vos permitem correr tudo sem grandes problemas. Podem fazer variantes com mais ou menos ram, gráfica também com mais ram, mas não vale apena inventar muito pois isto chega. Já é possível aventurarem-se pelos mundos da Sega Dreamcast, Sega Naomi, Atomiswave, Sony Playstation 2, Gamecube, Wii e Taito Type X.
Concerteza devem ter reparado no disco SSD, eu não tenho na minha máquina por falta de €€€ tempo para o instalar mas reconheço que traria grandes vantagens: Redução do tempo de arranque do SO até carregar o frontend. Redução dos tempos de loading de isos/roms muito grandes como é os casos da Dreamcast e PS2.

Vamos então a título de exemplo pegar na terceira configuração. Começamos pelo sistema operativo. Apesar do Windows XP servir das as duas primeiras configurações de hardware, aqui como temos emuladores que precisam de Direct X10 só podemos contar com Windows Vista para cima… sendo assim, optei pelo Windows 7 x64.

Personalizar o Windows
Por defeito o Windows 7 vem com um monte de tralha que não é precisa na maioria dos casos, e para uma máquina arcade, ainda mais tralha se acumula. Para reduzir no tempo de arranque e nos recursos que o SO consome podem ser removidos vários componentes no Windows, recorrendo por exemplo à aplicação RTSe7enLite. Esta app permite pegar no iso do windows, remover o que não nos interessa e compilar um iso já personalizado para a instalação.

Existem muitos tutoriais na net para utilizar o RT7Lite, deixo-vos este e este que podem servir como iniciação. Ao personalizar a instalação do windows podem por exemplo remover estes componentes:

  • Rede e comunicações
  • Encriptação
  • Serviços desnecessários (ver aqui e aqui lista de serviços que podem desligar em segurança)
  • Jogos do Windows
  • Servidor de impressão
  • Componentes tablet
  • Windows Search
  • Drivers

Tudo isto vai reduzir significativamente o tamanho da instalação e o tempo que o PC demora a arrancar. Podem ir criando várias personalizações do Windows e irem testando até encontrarem a que melhor funciona no vosso caso.

Relativamente à montagem do PC e  instalação do Windows e personalização, deixo-vos agora umas dicas que eu considero bastante válidas e que não se vão arrepender se as seguirem 🙂

Montagem do hardware
Inicialmente pensei em não utilizar a caixa do PC e em vez disso fixar a board, fonte, disco,etc diretamente numa das laterais da máquina, ao estilo das máquinas originais. Tipo isto:

desorganização ao melhor nível

Depressa mudei de opinião. Quando comecei a pensar a trabalheira que dava para resolver algum problema no pc ou fazer upgrade.. mais vale agarrar numa caixa atx, tirar as forras plásticas e as laterais e montar o material no chassis. É bem mais prático!

Particionamento do(s) disco(s)
Eu optei por criar uma partição só para o Windows (C:) e outra partição (X:) para ter as seguintes pastas:

X:\Hyperspin
X:\Emulators
X:\Roms

Este particionamento vai-vos facilitar a vida quando estiverem a configurar o hyperspin e os emuladores pois permite que em qualquer altura retirem o disco do pc da máquina e o liguem noutro computador e tanto o hyperspin como os emuladores e os roms vão funcionar on-the-fly pois não precisam de estar a copiar nada para o vosso C:… À medida que adicionam discos à maquina com roms, atribuem letras de unidades que dificilmente utilizam no vosso computador principal (w:, x:, y:, z:,…).

Personalização do arranque
Para que a máquina arranque o mais rápido possível e mostre o mínimo de informações disponíveis  no ecrã até estarem dentro do frontend há algumas coisas que podemos alterar.
A primeira começa por na BIOS do computador ativar a função de AutoPower On on Power loss. Isto permite que ao ligarem o switch de alimentação da máquina o computador também ligue automáticamente sem terem que carregar noutro botão. O encerramento do PC é depois programado no frontend.

Ainda na BIOS devem desativar todas as mensagens de aviso/erros (sim, não é seguro, principalmente os alertas do S.M.A.R.T., mas… pouco importa!), colocar o boot para o disco rígido e se a bios tiver uma opção de fast/quick/quiet boot, ativem-na.

Tempo agora de remover algumas coisas do Windows:

As modificações a fazer são apenas as que estão listadas acima. Se não quiserem ter esse trabalho todo, podem utilizar o programa InstantSheller que faz bem o serviço sozinho :p

Instant Sheller

Ao iniciarem a aplicação é necessário que o façam como Administrador. Por agora desmarquem as opções de Replace Boot Screen e Change Shell Application. Ao clicar em Do I!! a coisa está feita e já podem testar o arranque mirabolástico sem os nags do windows. Fica a dica do Alt+F4 para encerrar o Windows 😉

Ligação do computador à televisão
É possível fazer a ligação à tv por quatro tipos de cabo diferentes: RGB, Componente, S-Video, Composto. A qualidade entre cada um varia consideravelmente, sendo o primeiro o melhor e o último o pior.

comparativo entre os tipos de ligação

Podem ver mais exemplos de comparações aqui. Este site é muito rico em comparações entre as várias ligações e explica muito bem as diferenças. Visita recomendada!

Se a televisão que estão a utilizar tem porta SCART RGB então já sabem qual o caminho a seguir. Se estiverem limitados nesse aspecto então só resta mesmo o S-Video e o Composto. Eu inicialmente coloquei a minha por RGB embora agora a tenha por composto porque ando a tentar meter as light guns a funcionar no MAME e no PCSX2.

Para as duas últimas ligações não tem nada que saber, cabo directo da saída s-video ou rca composto para a televisão e está feito. Para ligação de um cabo RGB primeiro é preciso construí-lo e apesar de ser fácil, é uma tarefa demorada.

Construção do cabo RGB
Começando pelo material para o cabo, vai ser preciso:

1x Ficha D-SUB 15 pinos fêmea (VGA)  + carcaça plástica
1x Ficha Scart macho
1x Ficha molex macho (pode ser retirada de uma ventoinha de pc antiga)
1x Cabo audio (pode ser de umas colunas avariadas)
1x Cabo video com condutores isolados (o melhor é utilizar o cabo de um monitor que tenham avariado)
1x Resistência de 100Ω
2x Resistência de 1kΩ

Esquema para ligação. Parece difícil mas é simples

 Cabo feito, basta ligar à TV e está feito… têm (quase) a melhor qualidade!

Quase!?
Sim quase porque ao ligaram assim como está à TV, apenas vão conseguir resoluções mínimas de 480p (640 x 480 pixeis). Back in the day as resoluções dos jogos eram bem inferiores, na maioria a 240p (320×240), havendo no entanto alguns títulos a 144p e 120p.

Comparação 240p VS 480p

A título de curiosidade para os interessados:

Como a televisão, e a placa gráfica, nativamente não vão permitir chegar a estas resoluções têm algumas formas de conseguir os 240p. Através de uma placa gráfica ArcadeVGA, uma placa gráfica ATI9200 com a bios modificada (o mesmo que o anterior) ou por software.

Por software tem duas aplicações bastante competentes. soft15Khz e o PowerStrip (para placas nvidia).

Deixo-vos alguns tutoriais para configurarem o soft15Khz:
[TUTORIAL] Soft-15KHz – Visualizzare 15KHz su monitor Arcade
Tutoriel Soft-15KHz ou comment se passer d’une Arcade VGA
GUIDE 15KHZ PC / PLATINE – PLATINE / TUBE

Para os mais puristas que pretendem o feel original, podem correr os jogos nas resoluções nativas dos mesmos, alterando a resolução de cada vez que lançam a rom. Para isso utilizam o GroovyMAME/SwitchRes.

Bem.. por agora fico-me por aqui até porque o post já vai bem longo! Espero-vos na próxima parte do guia para abordar-mos o Hyperspin 😉

Intéh!

Projecto: Arcade Street Fighter (Parte 1 – Material)
Projecto: Arcade Street Fighter (Parte 2 – Planos)
Projecto: Arcade Street Fighter (Parte 3 – montagem da estrutura)
Projecto: Arcade Street Fighter (Parte 4 – Pintura e acabamentos)
Projecto: Arcade Street Fighter (Parte 5 – Montagem de componentes)
Projecto: Arcade Street Fighter (Parte 7 – Frontend – config. Hyperspin)

Posted on April 7, 2015, in Arcade, DIY and tagged , , , . Bookmark the permalink. 7 Comments.

  1. ToZe(Ex-Touareg)

    Nice. A nível técnico aparenta tar bem conseguida a info disponibilizada.

    • Vê se aprendes alguma coisa! Já que andas a construír um salão de jogos, aproveita uma das tuas máquinas e faz dela uma multijogos com pc 😛

  2. Boas um reparo. Quando te referes a componente, queres referir compósito.
    Compósito – Cabo amarelo
    Componente – Y.Pb.Pr AKA Vermelho, Verde e Azul.

    Abraços

    • Viva, não… é mesmo componente que quero dizer: “Ligação do computador à televisão
      É possível fazer a ligação à tv por quatro tipos de cabo diferentes: RGB, Componente, S-Video, Composto. “

      • Hmm..Sorry.
        Sao raras as TV’s cá na Europa com entrada componente. Qual o modelo BTW?
        Tenho um PVM para 240p mas precisava de arranjar uma solução para as consolas 480p…

  3. Tirando as Sony PVM/BVM e as alternativas da NEC (XM) e JVC (Série BM), tens as B&O (Bang & Olufsen) mais comuns no UK e França. Tens também alguns modelos de Philips e dos últimos Trinitrons (e WEGAS) que têm componente, não te sei precisar os modelos mas no fórum do BYOAC encontras essa info… foi lá também que eu os vi.

    Eu já ficava contente se conseguisse deitar as mãos a um BVM para trocar algumas tv’s que aqui tenho e ligar lá as máquinas.

    • Yp, ja conhecia mas infelizmente são difíceis de encontrar. Cá o máximo que se arranja é uma B&O MX4000 ( que pega em 480i e faz de-interlace). Pedem baldios!

      Eu tenho um “BVM-14M4DE” ( basicamente é um PVM de 14″ rebranded para o mercado alemão) e tem componente e RGB, mas só faz no máximo 480i… Queria arranjar uma solução para 480p… Tive um XRGB mini mas vendi. Tenho algures para aqui um Sync Strike+ GBS8200+ SLG3000 e secalhar ligo a um monitor pc…

      PS: Adorava arranjar um BVM que aguentasse 480p ou um XM29…

      Abraços

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